Açucar x Adoçante



Açúcar ou Adoçante?

Cada vez que alguém nos serve alguma bebida, essa pergunta se repete. Aprenda a fazer escolhas mais consciente a partir das suas necessidades pessoais.

Quantas vezes ouvimos a frase que dá título a esta matéria? As repostas variam: enquanto escolher o açúcar mostra relaxamento com a forma física, a opção do adoçante revela preocupação com os possíveis quilos a mais. Mas qual dessas opções, realmente, atende aos seus objetivos se saúde? Segundo os especialistas em nutrição, a solução correta talvez seja: nenhuma das duas. “Em todas as situações. Abdicar do açúcar e dos dulcificados adicionado seria a melhor escolha, sem dúvida”, acredita o nutrólogo Mohamad Barakat, do Health4Life (SP). Porém, esta é a escolha mais difícil.
Afinal estamos acostumados ao sabor doce de sempre. Daniela Jobst, nutricionista clínica funcional e membro do Centro Brasileiro de Nutrição Funcional (CBNF), explica que “ele é manifestado já no fim da gravidez, portanto temos uma memória para este paladar que nos traz emoções boas”. Isto significa que é natural ter uma predileção por esse gosto. Porém, com o tempo, ele passa a ser usado para mascarar sabores in natura, em vez de realçá-los. Barakat afirma que o ideal é ensinar as crianças a apreciarem gostos originais. “A idéia e tornar a pessoa menos compulsiva por comer doces”, completa.

Doce amargo
Mas isso não significa que devemos vetá-lo de nossa dieta, já que existem açúcares naturais nos mais diversos tipos de comidas. “Esse é o caos de massas, cereais, tubérculos, frutas, leite, etc.”, enumera a nutricionista Karina Barros, consultora da associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad - SP). Eles são importantes por serem carboidratos, “que são transformados em glicose (açúcar) e então distribuídos em energia aos órgãos e sistemas”.
A diferença é que alguns deles são complexos (demoram mais para serem digeridos) e os outros são simples (são absorvidos como glicose rapidamente, que aumenta a quantidade desse componente no sangue). É aqui que reside o perigo, pois essa alta taxa pode causar problemas. “O excesso de açúcar gera um processo inflamatório, o que acarreta obesidades diabetes, hipertensão e síndrome metabólica”.
 Esses problemas vão piorando caso o consumo de açúcar não seja reduzido. Além das doenças crônicas, outros males aparecem. “Há um estímulo à produção de insulina, que é antagonista ao hormônio do crescimento (GH). Ele também aumenta a eliminação do cálcio e geralmente serve como combustível das células cancerígenas, o que as ajuda a se reproduzirem”, alerta a especialista. Uma overdose de açúcar pode atrapalhar até o funcionamento do celebro, como descobriram três pesquisadores na Universidade da Califórnia (EUA). Ao colocarem animais de laboratório em uma dieta com excesso de xarope de milho (rico em frutose), foi notada uma diminuição no ritmo dos neurônios, atrapalhando a memória e o processo de aprendizagem.

Adição controlada

Então devemos cortar o açúcar de vez? Isso é válida para obesos, diabéticos e para quem tem síndrome metabólica. Resistentes a insulina e com o nível de triglicérides alto devem controlar o consumo. Se você não se encaixa nesses grupos, a melhor medida é reduzir i que os especialistas chamam de açúcar de adição (aquele do cafezinho), que é absorvido com rapidez. “Seu acréscimo aos alimentos é dispensável, porque para atingir 55% de carboidratos diários podemos utilizar outras fontes”, explica Carlos Alberto Werutsky, nutrólogo da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran - RS). O cuidado se justifica porque normalmente usamos o tipo refinado, que passa por processos químicos e tem menos nutriente. Werutsky diz que a quantidade máxima de açúcar deve ser 10% do valor energético diário. A troca mais comum é o adoçante. Muitos não são calóricos, mas não trazem ganhos nutritivos. “Alguns não são absorvidos, outros entram como uma substância que precisa ser desintoxicada”, explica a nutricionista Karina Al Assal (SP).

Jogos da diferença

Qualquer açúcar que compramos tem a mesma origem: a cana-de-açúcar. Por isso, todos são fontes de carboidrato (1 colher [sopa] de açúcar [3,5g] tem 14kcal). Mas as diferenças na sua produção criam várias opções à venda. Entenda qual a melhor:

Refinado
 

É mais usado pelos consumidores. O refinado o toma mais saboroso, mas há uma perda de nutrientes devido ao processo. Além disso, os compostos usados para essa purificação podem não fazer bem ao organismo.
 

Mascavo
  
Cor escura desse açúcar prova que ele não passou pó refino, o que lhe permite conservar muitos nutrientes (potássio, cálcio, magnésio, etc.). se você pode consumir açúcar, troque por este.



Cristal
 
Passa pelo refino, mas esse processo tem menos estágios químicos e o produto final apresentam mais nutrientes. Embora cerca de 90% dos sais minerais sejam levados embora, ele se torna uma opção um pouco melhor.


Orgânico

 

Seu maior diferencial é a cana-de-açúcar ser cultivada sem agrotóxicos, diminuindo a quantidade de elementos químicos em sua composição. Ele pode ser cristal, refinado ou mascavo, e este último é o mais nutritivo.  
 


Quem é quem

Os adoçantes têm diferenças origens. Conheça cada uma delas e o limite ingestão diária aceitável (IDA - Indicada) indicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa):

Potencial adoçante:

1 - 0-100
2 - 100-200
3 - 200-300
4 - 300-400
5 - 400-500
6 - 500-600

Aspartame – 2

Tem potencial adoçante 200 x  maior, mas o perde em altas temperaturas. alguns

Estudos indicam que ele pode liberar uma substância tóxica. É contra indicado aos portadores de fenilcetolúria, uma doença genética rara detectada no teste do pezinho.

IDA: 40mg/kg de peso corporal.

Ciclamato1

Adoça menos apenas 40 vezes mais, não é calórico e possui sabor agradável e semelhante ao açúcar refinado. É absorvido parcialmente no intestino e é eliminado pelos rins. Na perde a doçura quando submetido a altas ou baixas temperaturas.

IDA: 11mg/kg de peso corporal.

Assessulfame-k2

Adoçante de 130 a 200 vezes mais, porém, em grandes doses deixa um leve sabor residual amargo. Pode ir ao fogo, não é calórico nem metabolismo pelo organismo, boa parte as substâncias é eliminada em 24 horas pela urina. É usado em diversos produtos.

IDA: 15mg/kg de peso corporal.

Sucralose 6

Com poder adoçante 600 vezes maior, não é calórico e possui sabor agradável. É eliminado por completo em 24 horas pela urina. Estável a temperaturas altas e baixas. Não produz cáries, além de reduzir a síntese de ácidos responsáveis pela sua formação.

IDA: 15mg/kg de peso corporal.

Esteviosídeo3

Extraído de uma planta da serra Amambaí (MS), tem efeito 300 vezes maior do que a sacarose. Com boa estabilidade em altas ou baixas temperaturas, seu consumo é liberado para todos. Não produz cáries nem é metabolizado pelo organismo.

IDA: 5,5mg/kg de peso corporal.

Sacarina5

Extraída de um derivado de petróleo, tem potencial adoçante 500 vezes maior. Em altas concentrações deixa sabor residual amargo e metálico, mas não é metabolizado pelo organismo. Pode ser utilizada em preparações quentes.

IDA: 5mg/kg de peso corporal.

Vantagens X desvantagens

O consumo de adoçantes deve ser limitado, por serem de origem química. Em excesso de peso eles podem ter efeitos colaterais: “diarréia, mal estar, dor de cabeça em excesso”, dix Daniela. Werutsky fala que é difícil uma overdose. “Para se chegar ao ‘limite tóxico’ de um adoçante contido no refrigerante diet é necessário consumir cerca de 20 litros por dia de forma contínua”. Mas para os obesos ele é uma boa opção. De acordo com uma pesquisa conduzida por Adam Drewnowski, do Centro de Nutrição e Saúde publica e do Programa de Ciências Nutricionais da Universidade de Washington (EUA), a ingestão desses itens ajuda a reduzir a vontade por pratos adoçados. Outro estudo que usá-lo pode diminuir a sensibilidade ao sabor dos alimentos naturais.
Nesses casos a solução é só uma: “Reaprender a sentir o prazer desses sabores”, diz a nutricionista Flora Lys Espolidoro (SP). Esse efeito foi percebido pelo médico David Ludwig “Harvard” (EUA) em um estudo sobre a ligação entre alguns dulcificantes e o ganho de peso. Ele também notou mais um problema: as células adiposas têm receptores para a doçura. “ Isso aumenta a chance de que os adoçantes possam causar alta da gordura por estimularem o desenvolvimento dessas células”. Isso deve ser visto com cautela, mas é um bom argumento para quando perguntarem se você quer seu suco com açúcar ou adoçante, a reposta será: “puro mesmo”. 

Fonte: Revista Viva Saúde

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